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Sobre o Recanto

Este blog é dedicado às pessoas que gostam de literatura. Aqui, vocês terão mais um instante de versos, poesias, contos e emoções para o seu dia-a-dia, aproveite!

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sábado, 31 de janeiro de 2009


.Um ano.

Hoje faz um ano que criei o blog. Espero que todos estejam gostando dele e dos contos que venho postando. Agora, postarei algumas poesias já publicadas nesse um ano. As poesias de que mais gosto:

Sentido sua falta
(dedicado à Yara Daher)

Seu doce sorriso,
Seu meigo jeito de ser,
É tudo o que eu preciso.
Mesmo sem ter você.

Do meu jeito

É dia...
Vou te ver.

É tarde...
Vou viver.

É noite...
Vou sofrer.

Em um só tempo

Assim como veio,
Você se foi.
Assim como percebi,
Eu chorei.
Assim como nos afastamos,
Nos perdemos.

Entre versos

Entre versos,
Te procuro.
Entre medos,
Te encontro.
Entre sorrisos,
Enlouqueço.
Entre nós,
Me esqueço.

Tempo

Este tempo - curto e longo,
Que passa pelo nosso silêncio,
Me faz perceber,
Que o nosso silêncio,
É o pior tempo que alguém pode ter: amo você.


Pano de fundo

Você que sempre esteve aqui,
Que sempre me apoiou e sempre me deu a mão,
Hoje, é o pano de fundo da minha canção.

Noite de Mel

Risco tinta,
No papel.

Escrevo teu nome,
Lá no céu.

Imagino tua imagem,
Caindo como um véu.

E espero por você,
Nesta noite cor de mel.



Espero que esse um ano seja o primeiro de muitos,
um abraço a todos,
de coração,
Rafael Daher.


Por: Rafael Daher às 18:48


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Ainda Era Natal
(Para Yara)

Hoje é quarta-feira, dia vinte e seis de dezembro, sete horas da manhã. Mexo-me pela cama. – Ah, como estou exausta. Ainda com os olhos fechados, sinto o frio que atinge o meu corpo sem perdão; corpo satisfeito pelo dia anterior. Frio, como odeio você. Mal começo a amanhecer, e tu já vens a me desfazer. Sim, está muito frio. Viro para lá, viro para cá. Chego ao ápice de minha exaustão matutina: assim não dá! Por um descuido, abro os olhos.

O telefone, às oito horas da manhã, toca. Não creio: trabalho. O ofício, com urgência, chama-me. Ou melhor: depois de um feriado acredito que quem me chama é a exaustão, mais uma vez. Corro para o banheiro, ligo o chuveiro, tomo um rápido banho. Indignada pela incapacidade de compreensão de meu chefe após um delicioso feriado nacional, abro o meu guardarroupa. Olho às roupas, olho à cama. Na cama está o pijama. Mas que vontade de dormir outra vez! Uma força superior levanta-me, e, assim, me visto: camiseta apertada, calça jeans desbotada, chinelo Kalvin Klein de dedo – presente gentilmente entregue à minha pessoa por mim mesma. E lá se foi toda a economia do mês...

Estressada, chego ao trabalho. Dou um bom-dia, por educação, a meu chefe. Ele, por sua vez, ri. Ri? Sim, ri. Olha-me de um jeito engraçado. Encabulado com os meus pés pelados, ele graceja: - Irreverentemente linda! (Pois, de fato, nunca me vira assim, tão à vontade, antes). Eis que depois de eu chegar, e ingenuamente querer ligar para pessoas queridas, junto do costume antigo de comentar o feriado natalino, é anunciado reunião. Ah, é o fim! E era mesmo. Uma, duas, três, quatro horas de reunião. Chego a ela: a exaustão. Novamente exausta, procuro não pensar. Não aguento mais. Assim, retiro-me do ambiente. Observo as pessoas falarem. Nunca havia tido essa experiência em toda a minha vida de advogada: calar-me, não pensar, e ver no que dá. Sinto-me a rir por dentro: todos parecem animais falando, defendendo, argumentando, colocando ideias, tirando. Vejam: eles só podem estar em busca do nada. É o fim dos tempos. Procuro lembrar-me do dia anterior: só alegria. Solto um riso em meio a uma pergunta de meu chefe, não ouvida por mim, é claro.
- Pela última vez: concorda ou não? – perguntou meu chefe irritado.
- O senhor está se referindo a quem, a mim ou ao dia de ontem? – pergunto em devaneio. Uma cara fechada e feia de meu chefe encerrou a reunião, depois dele jogar a caneta ao chão.

Que dia! Dia corrido, dia dispensável, nada solucionado. Prossigo em direção ao meu carro. Pego a mão no volante e sigo em retorno à minha casa. No caminho, deixei o pensamento rolar: pensamento livre. Liberdade às emoções, às idéias, ao cansaço, a tudo. A imaginação correu como uma pomba voa em desespero de um humano que se aproxima. O natal passou. Foi muito rápido. Durou um segundo, enquanto o dia de hoje pareceu não terminar. Nada, nada resolvido. Problemas! Dívidas! Questões familiares! Questões femininas! Questões trabalhistas! Ah!!! A cabeça não aguenta. Ela quer descanso: tudo tem limite. A cabeça vai explodir. Tensão, desespero, preocupação. Meu Deus, socorro! Olha o sinal... Ih... Passei no sinal vermelho. Não é possível. Ah! Se vier multa, passo de novo neste mesmo sinal vermelho. Mas que saco!

Já perto de casa, vejo a guarita. Ao chegar e me preparar para acionar a chave eletrônica, torço para que não haja carta, para que não haja dívida. Aciono a chave, o portão abre-se. Eu passo. Ufa, ninguém chamou. Fecho o portão, preparo-me para seguir à minha casa quando escuto de longe: Dra., há aqui uma correspondência à senhora! Pronto, acabou o meu dia. Ou melhor, se possível dizer: re-acabou o meu dia. Pego o envelope em minhas mãos. Assusto-me pela cor. Preto. O que será? Deixarei para depois, não deve ser coisa boa. Assim sendo, segui meu sofrido caminho. Cheguei a casa, olhei o envelope, fiz que não me importasse por ele; entretanto foi inútil. A curiosidade foi maior. Olhei para o espelho, abri o envelope... Eis que...

Ah, nem vou contar. Daí para frente, não há comentários. Cada foto, uma emoção; cada palavra Tua, uma lembrança de nós dois. Então rodei, dancei, chorei. Fiz aquela festa quando Te toquei. A cada detalhe, me apaixonei. Senti Teu cheiro, pois Tu colocaste Teu perfume em cada envelope. Ah, por muito te amei Como é possível, depois de um dia tão ruim, tudo mudar. Sou uma eterna apaixonada. Estou alucinadamente perdida por Você, por nós dois. O Teu perfume, a Tua imagem... Eu Te amo!

Dia vinte e seis de dezembro, e ainda era Natal...

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Por: Rafael Daher às 10:50


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


Uma Noite na Janela


- Entre um balanço e outro do meu coração, espero o momento de perder a razão e de encontrar-te em uma nova emoção. Lembro bem. Eu te encontrava em minha janela, no passado: lindo passado, triste passado, inútil passado. Foi um passado cheio de emoção que rendeu em um presente fora da razão: só sinto a emoção. A emoção de querer te tocar, de poder em ti pensar e de querer te olhar e não mais sentir o ar. Ar sujo, impuro. Ar que sempre me acompanhou, mas nunca trouxe você de volta. Volta. Quando se dará a sua volta? Será que tem volta? Estou em um abismo de emoção, perdendo-me em cada estação, sem ter-te ao meu lado, coração. No entanto, eu sei que vais voltar: tu vais tocar na maçaneta da minha porta, que era nossa, girá-la, abri-la, abraçar-me, tocar-me, sentir-me. Vamos brindar a vida com a nossa emoção. A emoção mais pura e sincera que alguém já sentiu. Ninguém nunca sentiu o que sinto por você. Ninguém nunca pensou o que penso de você. Ninguém. Ah, como é estranho: o nosso amor foi vencendo barreiras, ultrapassando limites, momentos felizes, infelizes e, por fim, tenho-te longe de mim. Por que me abandonaste? Por quê? Não tem motivo... Eu sempre amei você e você foi tirando-me de tua vida aos poucos. Parece que fugiste de mim, nunca mais me ligou, da minha vida se afastou. Lembro-me de nossa juventude. Oh! Tu escrevias cartas de amor: “Isabel, minha flor, eu não existo sem você” Ah, que saudade do meu amor, do meu beija-flor. Não era para tudo acabar assim, não mesmo. A nossa casa sempre guardou o nosso amor, as flores na janela esperavam por você, para ver o nosso amor acontecer. Quanto tempo... Olho eu para o lado e, com lágrimas de dor, constato: já não tenho mais você. Ainda espero por você. Você ainda vai entrar por aquela porta, estarei sentada na cadeira, ansiosa para ver-te. Uma lágrima nasce de meu olho. Mais uma, mais duas, mais dez. Não agüento. Saio da cadeira e jogo-me ao chão, não quero essa emoção, não quero viver sem você; desisto...

Isabel não tinha mais chão. Estava perdida. Nada acontecia. Desde a partida de seu amor, viveu a sofrer, a chorar. Nada mais fazia sentido.

...Levanto. Lanço-me a ti. Oh! Ainda este chão? Esqueci: não tem asas o coração. Lanço-me a ti sem pensar. Não aguento a dor de esperar: são trinta anos de dor. Pois é... Deves estar lindo: cabelos grisalhos, ombros largos, olhos azuis, homem charmoso e quente. (Risos). Lembro-me de tudo. Até da primeira vez. Foi lindo. Foi tudo, mas passou. O tempo passou e o meu amor não se transformou: ainda te amo. Ainda te amo. Ainda te amo. E volto a te amar, e não me canso de te amar, e volto a te amar. Eu te amo...

Isabel estava com o pensamento livre, voando como um passarinho. Apesar de ainda estar lançada ao chão, voava como passarinho.

...Amo. Este chão está frio, lá fora deve estar um frio... Hoje nós faríamos aniversário de casamento. Quarenta anos. Está frio. Vou abrir minha janela, a nossa janela, e deixarei o vento frio, vento que tu respiraste me levar ao lugar onde tu estás. Vou lá.

Isabel decidiu fazê-lo. Ela estava só em emoção, nem sabia que isso poderia lhe fazer muito mal. Isabel já tinha certa idade, era uma pessoa vivida, bem experimentada pela vida. Com um misto de dor e gratidão no coração, Isabel resolveu levantar-se. Levantou-se. Olhou para seu corpo, tirou os sapatos, tirou sua saia e sua camisa. Deixou apenas um colar com um coração transparente, ofertado com muito amor pelo seu beija-flor. Estava frio. Mesmo assim, Isabel caminhou até seu banheiro: abriu a porta, entrou no banheiro e trancou a porta. Olhou-se no espelho, pegou e passou, pela última vez, um lápis de olho. Passou fortemente. Pegou um rímel e o passou lentamente em seus cílios. Estava péssima. Nesse instante, o telefone tocou. Tocou de novo. Isabel não conseguiu ouvir: a porta estava fechada, a porta trancada não lhe permitia ouvir o telefone dele. Ele. Era o seu amado. O telefone parou de tocar. Uma lágrima tentou sair de um olho de Isabel, mas ela segurou: não podia deixar estragar sua última maquiagem. Ele estranhou o telefone não atendido e chorou. Ela apagou a luz do banheiro e seguiu em direção à janela. Sentindo o chão, ela foi bem devagar. Cada passo era um momento: a infância, o primeiro olhar, a vaidade, o primeiro beijo, a primeira noite, os planos, o último dia, o abandono e a janela. A janela estava à frente de Isabel. Ensaiou abrir as cortinas. Pensou. Abriu. Colocou as mãos sobre o vidro. “Está gelado”, disse com um tom melancólico na voz. Em um movimento lento, abriu o vidro da janela. Sentiu um vento forte, um vento frio em seu corpo. Sua cabeça nem estava mais ali, fora tomada pelo vento frio, vento triste. Isabel estava sem razão. Vento forte... Forte, muito forte... O vento entrou e derrubou um retrato de rosto dela com ele, o seu amado. Caiu no chão. Quebrou. O telefone tocou. Isabel já não estava mais ali. Começou a tossir. O telefone parou de tocar. Ele decidiu ir à casa de Isabel. F r i o. Isabel estava fraca. Estava adoecendo: seu corpo já cansado estava a receber uma camada muito fria de ar. A pneumonia estava tomando o seu corpo. Imagem triste. Cena triste: que tristeza é ver alguém se anular assim por conta de um amor.

- Vento triste, tome meu corpo. Vento... Ah!

As palavras quase que não saiam. Passou o tempo. Passaram trinta minutos. Ele chegou. Tocou a campainha, observou a janela aberta e estranhou. Ninguém atendeu. Foi à janela. Viu o retrato dele com Isabel, quebrado no chão. Estranhou muito a cena. Colocou as mãos sobre a janela e olhou para baixo, onde estava Isabel a tomar vento. Fechou os olhos, olhou novamente. Fez que não acreditasse. Esfregou os olhos, olhou. Gritou. Chorou. Deixou cair no chão a rosa que ofertaria ao seu amor. Em movimentos leves e tristes, saltou à janela e percebeu um bilhete na mão de Isabel. Pegou o bilhete e começou a lê-lo. Chorou profundamente. Entre o passado, o presente, a razão e a emoção, o amado da póstuma senhora decidiu desistir de tudo. Ele não calculou que isso poderia acontecer. Ele nunca se esqueceu de Isabel. Sim, fugiu. Entretanto, fugiu por amor. Estava doente, mal de saúde. Carregava em seu corpo uma doença transmissível, que poderia atacar Isabel. Passou trinta anos se cuidando, melhorando e piorando, em Paris. Ele a amava. Contou ele os segundos, os minutos, os anos, as décadas para encontrar sua dama. E encontrou. Só que morta. Isabel estava morta. Morreu de desgosto, morreu de doença, morreu da razão, morreu da emoção, morreu do vento frio, morreu. Para ele, tudo ali estava estranho. “Será que Isabel se suicidou?”, pensava o senhor.

Coração na mão. Emoção sem razão. Desejo de se esquecer e se perder. Desejo de não ter desejo. Vontade de não ter vontade. A cabeça do senhor estava tensa. Ele levantou-se de onde Isabel estava, foi ao quarto dela, cheirou o travesseiro dela. Chorou. Perdeu-se. Pela primeira vez naquela noite depois do ocorrido, pensou:

- É isso o que vou fazer. Não há mais o que fazer.

Seguiu em direção ao armário de Isabel, puxou a terceira gaveta, tirou os ursinhos de pelúcia que dera à Isabel.

- Ela ainda guarda esses ursinhos. Será que está aqui?

O beija-flor de Isabel, seu amado, tirou um ursinho. Tirou o segundo, fechou os olhos e colocou a mão no final da gaveta. Sentiu. Chorou. Sentiu aquele objeto. Pegou. Caminhou em direção à Isabel. Ajoelhou-se. Passou o objeto por seu rosto, sentiu o cheiro: era uma arma. Apontou a arma em seu coração e proferiu suas, talvez últimas, palavras:

- Meu amor, todos os planos que fizemos juntos vão se realizar. Ele já não conseguia pensar. Começou a dizer coisas que qualquer ser humano em seu estado normal não diria. Pois agora eu vou te encontrar. Vou te encontrar. Para sempre vamos viver juntos... É agora...

A arma dispara no peito do distinto senhor. Ele cai ao lado da amada. Uma lágrima, que começou a sair de seu rosto antes do disparo, percorreu o rosto do rapaz e repousou na mão de Isabel, onde estava o bilhete. Silêncio no ambiente.

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Por: Rafael Daher às 11:29


domingo, 18 de janeiro de 2009


A Grande Descoberta

Eles eram grandes amigos. Viviam pelas ruas outonais. Encontravam-se sempre nessa época do ano. Sempre. O outono era o momento do ano em que a família Duarte escolhia para passar os meses na fazenda daquela cidadezinha de interior. Naquela fazenda vivia uma menina muito querida por todos de sua família. Ela se chamava Rosa e contava 14 anos. Quando chegava fevereiro, ela se enchia de felicidade, pois março estava por vir. Março é o mês que dá inicio ao outono. Era uma alegria sem igual. É como se tudo fosse se acabar. É como se cada risada e brincadeira de pega-pega fossem as últimas de sua vida. A amizade fazia daquela menina humilde e castigada pela sua situação financeira, a menina adolescente mais rica do mundo. A menina mais rica, mais cheia de esperança e carinho no coração. Rica de sentimentos positivos e fraternos. O outono, apesar de ser uma triste estação para muitos, era a estação mais colorida e feliz para Rosa.
Em certo dia, Rosa acordou animada e ansiosa. Correu para o armário e marcou um xis no dia anterior, 19 de março, ou seja:
- Mamãe, mamãe! Hoje é dia 20, é dia 20! – Gritava a menina comemorando. Aquele dia marcava o inicio do outono. Marcava mais um ano de amizade, mais um ano de brincadeiras e travessuras.
No entanto, a alegria daquela menina durou pouco. “Mamãe, já passa das cinco da tarde. Será que eles não vêm mais?” – Perguntava Rosa a sua mãe. “Não sei Rosinha, aquiete-se menina! Daqui um pouco eles vão chegar... Rosinha, ocê não pode ficar um pouco aqui sozinha? Mamãe tem que buscar queijo lá na vizinha”. “Tudo bem, mamãe”, disse a menina com uma nota triste na voz. Rosa ficou sozinha em casa, e seu amiguinho não chegou. Ela foi ao seu quarto, pegou um peão, lembrou-se do amigo e algumas lágrimas começaram a cair dos olhos verdes de Rosinha.
Foi o primeiro outono em que Marcos não foi à fazenda daquela pequena cidade. A família de Marcos estava passando por uma pequena crise financeira, que não os permitia ir à fazenda. Os pais tinham que trabalhar. A família Duarte só voltou à fazenda na primavera do mesmo ano, em setembro.

- Mamãe, eu tô com saudade do Marquinho, a gente nunca mais brincou. – disse Rosa à sua mãe.
- Eu sei. Mas faz tanto tempo que eles não vêm... Acho bom ocê procurar outros amigo.
- Mas eu gosto de brincar com o Marquinho. – Rosa estava bastante triste naquele primeiro dia de primavera. Resolveu sair de casa e brincar com o peão. Rodou o peão. Lembrou-se a menina mais uma vez do passado e chorou de leve. Cada lágrima representava uma risada, um momento feliz, a amizade. Rosa sentiu que um carro estava chegando. O barulho do motor, o cachorro correndo... “Mamãe, mamãe, o Marcos!”

- Eu pensei que você não vinha mais.
- Vamos brincar? – disse Marcos.

Rosa ficou muito feliz e eles começaram a brincar. Aquela amizade era uma amizade verdadeira, que se encontrava pouco, mas sempre existiu. Eles contavam os meses, os dias, os minutos, os segundos. Marcos era da cidade grande, da capital. Contava 13 anos, um a menos que Rosa. Tinha uma vida bastante diferente da vida que levava Rosinha. Entretanto, àqueles dois nada importava. A ingenuidade da idade, a falta de compreensão do mundo que humilha e tem preconceitos, permitia àquelas crianças momentos de pura satisfação e de sentimentos sinceros. Ah, como a ingenuidade é bem-vinda...
Rosa e Marcos estavam cansados: brincaram de bola, pega-pega, amarelinha, pique-esconde e contaram piadas. Sentaram ao pé da árvore e o silêncio calou aquele momento de descanso.
-... – nada disse Rosa, apenas suspirou.
-... – retrucou Marcos.
-... – Os dois juntos.
Uma sensação diferente estava a roubar as vozes dos amigos. Rosa sentia conforto e segurança ao lado do pré-adolescente. Marcos sentia algo nunca sentido: sentia os lábios tremerem, os olhos brilharem, o coração disparar. Analisava secretamente o corpo de Rosa, que estava começando a tomar forma. Reparava os seios, as pernas, a boca. Sentia vergonha de olhar e virava o rosto para o lado rapidamente. Rosa percebeu o clima, sentiu o coração disparar. Passou as mãos pelos cabelos e deu uma profunda respirada.
O ambiente estava totalmente colorido: flores cor-de-rosa, amarelas, vermelhas, roxas... Ah, e as brancas, como lindas eram as brancas. Árvores de belo porte, céu azul. O dia estava muito bonito. Os sentimentos estavam tomando conta da estação e tornando-a mais linda ainda. Passarinhos a voar, emoções a brotar, alegrias a encantar. O encontro dos amigos sempre ocorria no outono. Desta vez, foi na primavera. Tudo os convidando a... Ah, como o despertar dos sentimentos é lindo!

É que naquele dia, aquelas crianças que já não eram tão crianças, descobriram que eram capazes de amar, capazes de tornarem-se homem e mulher: bastava sentir e deixar sentir, permitir-se sentir. Sentir. Sentir. Ah...!
E o resto? O resto eu não preciso contar. O resto é sentir. Basta dizer que, naquela primavera, fora feita a grande descoberta daquele sentimento que dá forma, encanta, aproxima e torna o ser mais interessante, mais vivo, mais. Fora feita a descoberta do Amor.

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Por: Rafael Daher às 10:56


sábado, 17 de janeiro de 2009


Novidades!!

Olá queridos leitores,
estou de volta com uma nova versão do blog feita especialmente para vocês. Passei um tempo sem postar, porém agora volto com outra novidade: publicarei aqui, além de poesias e pequenos textos que já venho publicando, meus contos. Espero que todos gostem.
Amanhã publicarei o primeiro conto do blog. Agora, deixarei para vocês duas poesias que escrevi nesse começo de ano.
Feliz Ano Novo a todos vocês!


O Teu Olhar

Passeio pela vida,
Pelas emoções alheias,
Através de mentiras: minha escrita é mentira.
É tudo mentira.

Quem sabe assim, errando, mentindo,
Eu não encontre o Teu sermão.
Pois talvez só errando,
Eu consiga chamar a Tua atenção.

Assim,
Você vai olhar para mim.
Por isso escrevo - a mentir e a errar,
Pois te sinto distante,
E ainda luto pelo Teu olhar em Mim.


Tentando Esquecer-Te

Toda vez,
Que insisto em te evitar,
Você surge à minha frente.

Com você,
Teu irresistível sorriso, os teus lábios,
Que me fazem acreditar: de Teu amor, não consigo me desvencilhar.

Um abraço,
Rafael Daher.


Por: Rafael Daher às 11:02