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domingo, 18 de janeiro de 2009


A Grande Descoberta

Eles eram grandes amigos. Viviam pelas ruas outonais. Encontravam-se sempre nessa época do ano. Sempre. O outono era o momento do ano em que a família Duarte escolhia para passar os meses na fazenda daquela cidadezinha de interior. Naquela fazenda vivia uma menina muito querida por todos de sua família. Ela se chamava Rosa e contava 14 anos. Quando chegava fevereiro, ela se enchia de felicidade, pois março estava por vir. Março é o mês que dá inicio ao outono. Era uma alegria sem igual. É como se tudo fosse se acabar. É como se cada risada e brincadeira de pega-pega fossem as últimas de sua vida. A amizade fazia daquela menina humilde e castigada pela sua situação financeira, a menina adolescente mais rica do mundo. A menina mais rica, mais cheia de esperança e carinho no coração. Rica de sentimentos positivos e fraternos. O outono, apesar de ser uma triste estação para muitos, era a estação mais colorida e feliz para Rosa.
Em certo dia, Rosa acordou animada e ansiosa. Correu para o armário e marcou um xis no dia anterior, 19 de março, ou seja:
- Mamãe, mamãe! Hoje é dia 20, é dia 20! – Gritava a menina comemorando. Aquele dia marcava o inicio do outono. Marcava mais um ano de amizade, mais um ano de brincadeiras e travessuras.
No entanto, a alegria daquela menina durou pouco. “Mamãe, já passa das cinco da tarde. Será que eles não vêm mais?” – Perguntava Rosa a sua mãe. “Não sei Rosinha, aquiete-se menina! Daqui um pouco eles vão chegar... Rosinha, ocê não pode ficar um pouco aqui sozinha? Mamãe tem que buscar queijo lá na vizinha”. “Tudo bem, mamãe”, disse a menina com uma nota triste na voz. Rosa ficou sozinha em casa, e seu amiguinho não chegou. Ela foi ao seu quarto, pegou um peão, lembrou-se do amigo e algumas lágrimas começaram a cair dos olhos verdes de Rosinha.
Foi o primeiro outono em que Marcos não foi à fazenda daquela pequena cidade. A família de Marcos estava passando por uma pequena crise financeira, que não os permitia ir à fazenda. Os pais tinham que trabalhar. A família Duarte só voltou à fazenda na primavera do mesmo ano, em setembro.

- Mamãe, eu tô com saudade do Marquinho, a gente nunca mais brincou. – disse Rosa à sua mãe.
- Eu sei. Mas faz tanto tempo que eles não vêm... Acho bom ocê procurar outros amigo.
- Mas eu gosto de brincar com o Marquinho. – Rosa estava bastante triste naquele primeiro dia de primavera. Resolveu sair de casa e brincar com o peão. Rodou o peão. Lembrou-se a menina mais uma vez do passado e chorou de leve. Cada lágrima representava uma risada, um momento feliz, a amizade. Rosa sentiu que um carro estava chegando. O barulho do motor, o cachorro correndo... “Mamãe, mamãe, o Marcos!”

- Eu pensei que você não vinha mais.
- Vamos brincar? – disse Marcos.

Rosa ficou muito feliz e eles começaram a brincar. Aquela amizade era uma amizade verdadeira, que se encontrava pouco, mas sempre existiu. Eles contavam os meses, os dias, os minutos, os segundos. Marcos era da cidade grande, da capital. Contava 13 anos, um a menos que Rosa. Tinha uma vida bastante diferente da vida que levava Rosinha. Entretanto, àqueles dois nada importava. A ingenuidade da idade, a falta de compreensão do mundo que humilha e tem preconceitos, permitia àquelas crianças momentos de pura satisfação e de sentimentos sinceros. Ah, como a ingenuidade é bem-vinda...
Rosa e Marcos estavam cansados: brincaram de bola, pega-pega, amarelinha, pique-esconde e contaram piadas. Sentaram ao pé da árvore e o silêncio calou aquele momento de descanso.
-... – nada disse Rosa, apenas suspirou.
-... – retrucou Marcos.
-... – Os dois juntos.
Uma sensação diferente estava a roubar as vozes dos amigos. Rosa sentia conforto e segurança ao lado do pré-adolescente. Marcos sentia algo nunca sentido: sentia os lábios tremerem, os olhos brilharem, o coração disparar. Analisava secretamente o corpo de Rosa, que estava começando a tomar forma. Reparava os seios, as pernas, a boca. Sentia vergonha de olhar e virava o rosto para o lado rapidamente. Rosa percebeu o clima, sentiu o coração disparar. Passou as mãos pelos cabelos e deu uma profunda respirada.
O ambiente estava totalmente colorido: flores cor-de-rosa, amarelas, vermelhas, roxas... Ah, e as brancas, como lindas eram as brancas. Árvores de belo porte, céu azul. O dia estava muito bonito. Os sentimentos estavam tomando conta da estação e tornando-a mais linda ainda. Passarinhos a voar, emoções a brotar, alegrias a encantar. O encontro dos amigos sempre ocorria no outono. Desta vez, foi na primavera. Tudo os convidando a... Ah, como o despertar dos sentimentos é lindo!

É que naquele dia, aquelas crianças que já não eram tão crianças, descobriram que eram capazes de amar, capazes de tornarem-se homem e mulher: bastava sentir e deixar sentir, permitir-se sentir. Sentir. Sentir. Ah...!
E o resto? O resto eu não preciso contar. O resto é sentir. Basta dizer que, naquela primavera, fora feita a grande descoberta daquele sentimento que dá forma, encanta, aproxima e torna o ser mais interessante, mais vivo, mais. Fora feita a descoberta do Amor.

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Por: Rafael Daher às 10:56